terça-feira, 31 de agosto de 2010

Be quiet, dear

"Blá, blá, blá..." - Ela continuou dizendo e por um, dois, três minutos não pareceu parar para respirar. Isso porque ela falava muito rápido, não é? Com aquele sotaque italiano bem forte e balançando as mãos de lá para cá, de cá para lá. Nicolas lembrava-se de como era conversar com com Giulia há uns tempos atrás, quando ela viera da Itália: Apanhava sem querer quando ela se agitava, entendia uma ou duas letras do que falava, as palavras sempre saiam tão rápido que a cabeça chegava a girar. - "Então, não acho que..."
Giulia era tão inteligente que Nicolas costumava irritar-se com ela e era também tão perfeitinha em tudo que dava vontade de gritar, não fosse aquela italiana falando tanto que ele próprio já ficava com falta de ar. Nicolas deveria detestar Giulia, mas mais do que isso, Nicolas deveria mandá-la calar a boca.
Ah, e que boca...!
Não que ele lembrasse de quando começou a reparar em Giulia como uma garota bonita e não como uma, bem, uma amiga. Mas de uns tempos para cá ele andava louco de vontade de segurar aquelas mãos pequenas e hiperativas dela e andava olhando tanto para seus lábios que uma ou duas vezes ela lhe perguntara se tinha alguma coisa presa em seus dentes. Mais do que isso, seu coração disparava, suas pernas tremiam, o ar lhe faltava e o sangue corria mais do que devia. Nicolas havia se apaixonado por Giulia, claro, só não se lembrava quando. Ou como.
"E você não ouviu nada do que eu disse, não é?"
"Heim?" - Ela o olhou diretamente nos olhos e qualquer coisa começou a brincar em seu estômago.
"Olha, Nico, sinceramente você deveria prestar mais atenção no que está a sua volta e...Blá, blá, blá..." - Lá vinha Giulia de novo, falando, falando, falando e aquelas mãos passando a centímetros de seu rosto. Ele engoliu em seco, como nos filmes.
Então Nicolas segurou as mãos de Giulia com força.
Fechou os olhos.
E a beijou.